"Violette cortou com uma faca de prata um pedaço de manga, pondo-o na boca com avidez, e o sumo lhe escorreu no decote, úmido de suor e champanhe. Com um dedo recolheu o líquido, uma gota ambarina e espessa, e a esfregou nos lábios de Relais, enquanto montava sobre suas pernas com a leveza de um felino. O rosto do homem ficou entre seus seios, que cheiravam a manga. Ela se inclinou, envolvendo-o em seus cabelos selvagens, beijou-o em cheio na boca e lhe passou com a língua um pedaço da fruta que havia mordido. Relais recebeu a polpa mastigada com um calafrio de surpresa; jamais experimentara nada tão íntimo, tão chocante e maravilhoso. Ela lhe lambeu o queixo, pegou sua cabeça com as duas mãos e o cobriu de beijos rápidos, como bicadas de pássaros, nas pálpebras, nas faces, nos lábios, no pescoço, brincando, rindo. O homem cingiu a cintura de violete e, com mãos desesperadas, lhe arrebatou a túnica, revelando uma jovem esbelta e almiscarada, que se colava, se fundia, se desmanchava contra os ossos salientes e os músculos duros de seu corpo de soldado curtido em batalhas.

...Etiene Relais sentiu que mergulhava num pântano de deleite, sem memória nem vontade."

A ilha sob o mar_Isabel Allende