exer citando

segunda-feira, março 12, 2007

Certa encruzilhada de menino


Passa diante de mim a encruzilhada mais certa de menino
Mãos ao alto, tiro do peito.
Não sei onde se esconderam meus lápis coloridos
Quem sabe em alguma via entupida do meu coração.

Passa diante de mim a encruzilhada mais certa de menino
Deixar os túrgidos e lácteos peitos maternos
E achar os da minha mulher
Que hão de amamentar os meus
Pobres meninos perdidos.

Passa diante de mim a encruzilhada mais certa de menino
Sair desse papel em que me imprimiram
E correr na rua sem minhas joelheiras de moleque franzino.
Topar com as pedras e me apoiar em minhas mãos,
Romper a fina camada de pele que as reveste
Deixando o sangue escorrer feito água
Que verte de goteira Fria e translúcida.
E, aos poucos, ver a poça que se formou sobre os meus olhos
Aquecida, gota a gota, pela união de cada uma que caiu.
Assim serei eu,
Homem e não mais menino.

(ilustração Igor Souza)