Passagem e permanência

Não posso possuir todas as formas, todas as cores, todos os amores, todos os rios e mares, todas as dores e todas as felicidades, então eu relaxo.

Eu quero dançar com as coisas e nelas e delas e sermos juntos nesse instante, sermos seres que respiram ao mesmo tempo e que deixam o ar circular por todo o mundo, assim como o céu e a terra permanecem por dar espaço a outros seres, também quero permanecer, ser flecha, ser ponto, ser poeira e mais nada e assim ser tudo sem possuí-lo. O nosso princípio ativo não tem forma, o corpo que nos reveste é invólucro e meio para que o princípio se manifeste. E ele se expande, se dilata, se retrai, ele faz o que for preciso para dançar no imenso céu azul. E assim amar, amar a tudo que tem vida, amar a tudo que passa por você, sem julgamentos e sem juízos, todo grão de areia da terra, toda gota de água que existe no planeta, tudo é luz e vida, tudo transpira e respira. Morrer sufocado deve ser morte terrível e por demais dolorosa, toda forma de repressão é claustrofobia e prisão. A gente precisa entender que a gente segue, por maiores que sejam as dúvidas, a gente segue...