exer citando

quinta-feira, maio 17, 2012

Saindo do meu exílio - será?

Mais um dia de chuva, mais uma conexão imediata para dentro, não que não haja sol internamente, mas em dias cinzentos uma boa xícara de café faz bem - lá vou eu de novo falar do cinza, ah mas isso é tão raro nesta cidade, ainda mais com garoa...
Outro dia tava falando com um amigo meu que mora em Sampa e que está começando a imergir em seu exílio musical existencial; sonha ele em compreender a linguagem musical como uma segunda linguagem existencial, assim como o português, sonha ele em falar a linguagem da música e para isso lá vai ele mergulhar em horas e horas de estudo- esse é o processo dele.
Comentei que a mais ou menos 6 anos entrei em meu exílio existencial não pra conhecer a linguagem da música, mas para tentar conhecer minha própria linguagem e como ela se expressa e se manifesta, como ela me legitima a um corpo na existência, a como meu aglomerado atômico se movimenta, se mobiliza, se reanima. Importantíssimas experiências vivi e continuo vivendo para chegar nesse lugar que ocupo - quase nuvem.
Confesso um certo conforto em me exilar, não que seja fácil, mas com o tempo você acha até aconchegante essa proximidade consigo mesma. Quando a comunicação se faz necessária é que o exílio deixa de ser um imperativo para abrir as portas da sua sala de estar e convidar ou ser convidada por outros a tomar um café num dia de chuva.
As palavras nunca alcançam exatamente aquilo que se quer dizer, para os amantes da retórica isso até é possível, mas para os que buscam uma maior sutileza na expressão, posso dizer que as palavras também tem seus limites. Será que no principio era mesmo o verbo? E qual foi então a primeira palavra proferida, qual seria a palavra primordial?
Escrevo, apenas escrevo sem borrachas, aprendi que mesmo os erros devem ser aproveitados e não necessariamente apagados para que fique apenas o louvável do que se escreve. Nesses 6 ou 7 anos de blog não fiz uma seleção dos textos apresentáveis ao vasto mundo digital, posso dizer que este blog que alimento amorosamente é apenas uma extensão de um exercício de criança que escrevia em agendas, uma espécie de diário que não se faz todo dia, apenas quando se fazia necessário, mesmo sem os louvores da escrita. Isso é apenas um exercício, um ensaio, uma análise, uma espécie de album fotográfico de minhas idéias e minhas memórias registradas com o passar do tempo; é um ir sempre, é um movimento, não falo em evolução, falo apenas em movimentos registrados em formas de palavras, as mesmas que muitas vezes não conseguem chegar ao lugar que desejávamos ou que não se consegue descrever com precisão. Mas afinal podem as palavras serem tão precisas? Fica a pergunta. Boa tarde a todos e bom café com broa!