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quinta-feira, maio 09, 2013

Peu Sousa e Elena

Após algum tempo ante o choque do suicídio de um amigo, valem algumas palavras.
 
Não bastando a triste sensação de uma perda prematura e de um vazio indizível que ficará para a família, saímos eu e Paulo para relaxar um pouco e assistir a pré estréia de um documentário chamado "Elena", não sabíamos nada sobre a sinopse, mas as boas críticas nos fizeram ir.
Antes de entrar na sala encontramos uma amiga, que digasse de passagem vestia preto e veio nos cumprimentar ainda chocada com o acontecido e comentou: É, vai ser uma barra assistir a esse filme depois de tudo tão recente, o filme fala sobre suicídio! 
Uma onda de arrepio circulou entre nós três, lastimamos.
O filme começa e, já sabendo de sua temática, ficamos na espectativa silenciosa dos fatos.
O filme corre, segue e o f-ato não vem, mas sua narrativa nos faz boiar qual a moça do cartaz, que é a diretora do filme que relata não apenas o suicídio da irmã, mas como ela e sua mãe fizeram para lidar com esse fato, como elas conseguiram resignificar essa perda. O documentário é excelente, realmente incrível para um primeiro trabalho, muito poético, feminino e digno. Daria um outro texto gigante sobre ele, mas vou me deter apenas a coincidente temática da semana.
Cada um decidiu extinguir com sua vida de maneira diferente, uma entorpecendo-se com remédios e cachaça o outro atando sua cabeça ao seu próprio cinto, ambos jovens, artistas e sonhadores desejando a fama.
Ambos com um aperto no peito.
 
A última lembrança que eu tenho de Peu foi a uma semana atrás, quando nos encontramos na casa de Rebeca. Eu estava bem gripada e praticamente sem voz, rouca. Rebeca fez uma chá de gengibre pra mim e comentou que o ideal seria uma romã. Pouco tempo depois Peu chega lá com uma romã linda e doce na mão trazendo de presente pra ela. Nos entreolhamos admiradas com a coincidência e ela falou: Ele trouxe pra você, pode ficar! Ele abriu a romã, dividimos o fruto com todos que estavam na cozinha e ele fez um chá com a casca e me ofertou. Bebi agraciada e agradecida pela bela coincidência. Ele falou pra gente que romã era a fruta de Afrodite, era amor ao contrário, pensei: que bom, para desfazer os mal entendidos que passaram.
Mas havia uma tristeza nele, um buraco, como em quase todas as vezes que nos encontramos. Apesar de todo o seu sol!
Em parte sabíamos porquê.
Uma semana depois a noticia.
A serpente cumpriu o seu ciclo fechando-se nela mesma.