exer citando

segunda-feira, julho 31, 2006

Três coqueiros

SOLITÁRIO COMO UM OÁSIS
ELE PERSEGUE SUA SOMBRA
AGARRANDO-SE ÀQUILO QUE JÁ SE TRANSFORMOU
QUE ORIGINALMENTE É PROJEÇÃO DE SUA FARSA.
O HOMEM QUE NÃO OLHA PARA FORA
NÃO SENTE QUE O SOL QUEIMA EM CADA UM DE FORMA SINGULAR
E NÃO PERCEBE QUE APRECIAR UM PÔR DE SOL PODE SER,
PARA ALGUNS,
ÁRDUA QUEIMAÇÃO NA PELE.
É ASSIM QUE EU SIGO
VENDO DOIS COQUEIROS
E SABENDO QUE ALGUÉM PODE ESTÁ VENDO TRÊS.

quinta-feira, julho 27, 2006

Brasil 500 e poucos anos

Onde está este velho índio que habita em mim?

Relógio

Quanto mais tempo tu demora de encarar a vida,
menos tempo tu tem com ela

Reciclagem

O nosso umbigo não é a melhor representação de nós,
talvez sim aquele que foi cortado no ato do nascimento
tendo servido então de alimento para outro ser.

terça-feira, julho 25, 2006

No quintal de casa

É mesmo uma grande loucura ver um monte de gente engaiolado em pequenos cubos espalhados por aí, achando que isso é bom. Contando cada centímetro de espaço para poder viver, contando cada níquel juntado, contando, contando e contando pra ver se dá no final do mês para comprar a sua alegria. Gostaria de ter sido uma mosquinha para ter visto a evolução humana na terra, pra ver onde tudo isso começou, quando foi que começamos a nos privar, a nos cobrar, a nos prender em fórmulas e em rituais, a deixar de ser puro instinto ou isso é balela e os primatas já teriam essas informações? Somos “naturalmente” assim e o que piorou é que agora temos mais coisas em que desenvolver nossas esquizofrenias? Falta tempo pra parar e pra refletir, acordo de manhã e tomo a minha pílula do “bom dia Dia!” comprada na select mais próxima, afinal de contas por todos os lugares estão espalhadas as pílulas de controle social, e quando alguém não está a fim de tomar chamam ele de maluco e desequilibrado, lógico o cara assume o seu desequilíbrio, não finge que a vida é uma novela das oito e o pior, de Manoel Carlos.
Por isso eu defendo as casas com quintal e com pouca luz em volta, só assim é possível voltar a ver as estrelas e os outros astros que nos rondam, afinal de contas somos só mais uma raça espalhada por esse mundão de meu Deus. Então, as casas com pouca luz e uma boa prosa salvam muita gente do sanatório.

sexta-feira, julho 21, 2006

Só pensando...

Às vezes eu saio andando por aí pra ver se a vida faz algum sentido. Talvez seja esse o sentimento do eremita, do ermitão e de todo aquele que sai por aí levando seu mundo em suas costas. Será que faz algum sentido em se fixar ou em caminhar? E se eu ficasse parada? O mundo continuaria girando, girando a sua roda infinita e tantas vezes estúpida. Porquê eu estou viva, que força é essa que me faz andar, pra quê? Gostaria de entender isso pelo menos uma vez para poder parar de perguntar.
O homem é individuo naturalmente só procurando parceria para dividir suas inquietudes ou ele é naturalmente a comunhão procurando isolamento, o todo que quer ficar à parte? Acho que nem o espírito mais antigo dos filósofos poderia me explicar isso, parece que a gente é feito de matéria não conhecida além da carne, do osso e do espírito, algo que flutua e que pende, algo que conclui e que paira. A dúvida duvida a todo tempo, segundo Osho o homem sempre vai estar sustentando uma mentira enquanto ele buscar uma verdade, a verdade é uma distração, um adiamento... faz sentido. Então só acharemos essa “verdade” quando pararmos de procurá-la, quando enfrentarmos a mentira, “a verdade não precisa ser conquistada, a mentira é que precisa ser descartada”.
Sei lá, só sei que enquanto escrevia essas poucas linhas de pensamento, vários outros passaram pela minha cabeça. Será que não dava pra parar só de vez em quando? E o pior é que não me sinto melhor como achei que me sentiria, nenhuma resposta me foi dada ao expressar minhas dúvidas, acho que os deuses da literatura não aparecem para todo mundo ou então eles também são uma fraude
.

Vela

Um dos segredos da vida é saber dizer adeus com doçura, o rancor corrói o mágico, o divino do encontro, destrói toda a possibilidade de cura e torna opaca toda luz que dela reflete. Faz-me sempre forte para perceber que com certos cuidados a chama não se apaga, ela tilinta, mas continua até o último centímetro de parafina.

segunda-feira, julho 17, 2006

Dimenti

Doidos em cena
Inventam suas histórias
Mimetizados
Entre paredes e chão
Nasce o intangível
Tropeçando em suas razões
Ignoram o muro.


30/08/2005


segunda-feira, julho 10, 2006

Passa

E como não fosse
Gônadas ao vento
Outra banda de asteróide
Rastreado passa

Assim como o que foi
Demasiadamente estúpido
Esquece-se da memória.
Lentamente há um retorno
E o que parecia morto
Não passa de cadáver
Assim como amanhã será de hoje.

Ria de si mesma
Ainda que tolamente
Fazendo nascer em si
Algo que jamais pensara
Encheu-se de coragem e falou
Limpando a boca antes
Assim é que sou!

Saberia ela dela?
Ou era mais uma confusão
Um jeito de olho para o chão.
Zombava junto com a formiga
A amiga do seu dedão.


(para Rafaela, aluna do Sobe e Desce)

Admirável Mundo Novo

Ainda que as coisas pareçam
Diminuídas a olhos nus
Muito se vê
Inclusive o que não se vê.
Rascunha-se o futuro
Ainda que intangível
Voraz como um gozo
Eloqüentemente
Lascivo
Masca-se essa goma.
Umbilical como um filho
Nada, de novo.
Destituído de ventre
Outros seres nascem
Nunca pára
Ovos se germinam
Vozes se assemelham
Outro rebanho de gente é criado.

In memoriam

Eu, acostumada a me ver sempre com asas, tive-as cortadas.
E ao pensar que o portador da navalha recebeu-a de mim.

E desse mar que se secou
Restou apenas sal
Que salga a pele exposta a radiação

E desse rio que escorreu pra longe
Levou a lembrança de um dia de chuva e lágrimas

E as penas estão lá,
Cravadas e secas em meio à enxurrada de palavras.
Nada, absolutamente nada pode traduzir

A dor de um pássaro sem asas.

Macarrão

E foi assim que virei macarrão. E se eu não fosse um espaguete? Eu queria ser um nhoque só para saber! Você continuaria me banhando a bolonhesa? Porque não podemos ser uma lasanha a quatro queijos? O problema é o penne! Você quer dizer macarrão metaforicamente? De dia sou a carbonara à noite ao molho de ervas. Haja queijo parmesão não é? E não esqueça do tinto, um bom vinho tinto. Isso me lembra aquela noite, uma caixa não foi suficiente. Quando recebemos a galinha ao molho pardo? É, apesar do molho ela estava muito seca e queria porque queria um pouco de bolonhesa... eu afoguei-a no meio da massa. Que galinha! Essas aves não entendem que não combinam muito com massa. É, mas com molho não há problema algum! ... ! O que foi, o fogo não te cozinhou direito? A tua mãe vem para o jantar? Talvez! Ah...! Por que? Nada, curiosidade! Não precisa se preocupar ela é uma grande lasanha! O problema é que ela é grande! E se eu fosse grande, você ainda gostaria de mim? Preciso de mais azeite! Você gostaria de mim? Vou ao mercado comprar queijo. Tá vendo, sempre falta alguma coisa! E se eu não fosse um espaguete hem? Acho que você precisa experimentar um molho de camarão.

Chuá


Desabou, desabafou... O pássaro saiu da gaiola, suas penas foram espalhadas pelo mundo, de azuis a roxas elas foram todas dançar na roda. O saco e suas bolas foram estourados, sua água escorreu para o boeiro mais próximo, seus membros foram emprestados a outros. Tropeçando de corpo em corpo ela pairou, caiu, apoiou-se e novamente deixou suas penas pelo chão, o menino encontrou aquela que aparecera por acaso, agora lilás, como que prova de seu desabotoamento. Seu corpo transformava-se de cisne em mulher e sem beijo de príncipe porque ela agora sabe que seu corpo vive a cada corpo que tropeça e que não pode ser salva a não ser por si mesma.


sexta-feira, julho 07, 2006

Imatéria

Assim como uma música que pára de repente
eu mudei a caligrafia do meu corpólogo.
Aonde é que o indivíduo existe de fato?

Temos mais vazios do que preenchimento,
isso explica toda essa correria.
Estamos repletos do invisível,
por todos os lados vê-se o imaterial.